segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A prosa neo-realista no Brasil



A segunda geração do Modernismo brasileiro correspondeu a um estado adulto e amadurecido de nossa literatura moderna.



Com relação à prosa, uma multiplicidade de tendências ganha espaço. Na maioria dos cacos, trata-se de escritores que aproveitam a tradição de análise psicológica e social herdada do século XIX, alguns apresentando agudo enfoque metafísico e não menos agudo senso dramático dos problemas humanos.


A prosa cosmopolita de José Geraldo Vieira, a prosa de introspecção e de análise psicológica de Cornélio Pena, Otávio de Faria, Ciro dos Anjos, Lúcio Cardoso e Dionélio Machado, a prosa essencialmente modernista de João Alphonsus e Aníbal Machado, a prosa surrealista de Jorge de Lima e a prosa que recria o cotidiano, de Erico Veríssimo, constituem alguns dos exemplos mais significativos da variedade de vertentes de nossa produção romanesca, registrada a partir da década de 1930.


Nesse panorama tão diversificado, destaca-se a prosa regionalista do Nordeste, conhecida como prosa neo-realista. Essa foi a tendência que alcançou maior repercussão e importância na época, por ter assumido uma visão critica das relações sociais, focalizando os problemas da seca, do coronelismo e da decadência do modelo oligárquico patriarcal, com a extinção dos antigos engenhos açucareiros.


Fortemente influenciada pelas idéias de Gilberto Freyre, autor do Manifesto regionalista (1926) e de Casa Grande & Senzala (1933) e grande mentor do grupo regionalista do Recife, que se formou em 1928, essa geração redescobre o Brasil e contribui para sua universalização, vendo o regional de uma perspectiva política, predominantemente marxista, e assim fundando o Neo-Realismo.


Denominamos Neo-Realismo o tipo de Realismo em que o caráter cientificista e determinista do Naturalismo do século XIX é substituído por um enfoque político, de problemas regionais como a condição e os costumes do trabalho rural, a seca, a miséria etc.


Tais Problemas, vistos nas perspectiva da luta de classes, da opressão do homem pelo homem que caracteriza a sociedade capitalista, ganham conotação universal e intemporal, saindo do pitoresco e do localismo tradicionais em nossa produção regionalista.

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