segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Características da segunda geração modernista brasileira

Iniciada em 1930, com a publicação de Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, e encerrada em 194, com a morte de Mário de Andrade, a segunda geração modernista incorpora as conquistas de 22. O verso livre, a liberdade temática, a introdução do prosaico, do coloquial e do irônico no contexto poético, o antiacademicismo e o engajamento do escritor nas questões de seu tempo caracterizam tanto obras de Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira, principais representantes da primeira geração modernista, quanto obras dos poetas de 10, como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes.


Os escritores da geração de 30, fazendo uma ponte com os da geração de 22, inserem as reivindicações e conquistas destes no panorama literário geral, agora mais amadurecido em termos de assimilação do Modernismo.


Simultaneamente revalorizam e conciliam elementos da tradição com os novos tempos.


Quanto à prosa, surge, o Neo-Realismo nordestino de Graciliano Ramos, Rachel de Queirós, Jorge Amado, José Lins do Rego e José Américo de Almeida, que dá nova dimensão tanto ao estilo realista quanto ao romance regionalista brasileiro.


Outro traço da geração de 30, na poesia e na prosa, é a mudança de enfoque quanto à temática nacionalista de 22. A consciência da nacionalidade, que predominou na década de 1920, a partir de 1930 tende a ampliar-se e a tornar-se consciência social mais ampla, que situa as questões regionais e locais num contexto universalista.


Surge a consciência de que a problemática do mundo em que vivemos é de natureza política. Portanto, está diretamente ligada ao sistema capitalista, com suas desigualdades, suas contradições, seus mecanismos de opressão e de desumanização, que a poesia e a arte precisam denunciar.



 

Síntese das principais características da segunda geração modernista brasileira

(1930 – 1945)





 Prolonga e aprofunda as propostas e realizações de 1922.


 Concilia elementos da tradição e elementos de modernidade.


 Concilia nacionalismo e universalismo.


 Poesia: poetas de cosmovisão.


 Prosa: Neo-Realismo.


Engajamento dos escritores nas questões sociopolíticas de seu tempo.


Prosa



A prosa, por sua vez, alargava a sua área de interesse ao incluir preocupações novas de ordem política, social, econômica, humana e espiritual. A piada foi sucedida pela gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Essa geração foi grave, assumindo uma postura séria em relação ao mundo, por cujas dores, considerava-se responsável. Também caracterizou o romance dessa época, o encontro do autor com seu povo, havendo uma busca do homem brasileiro em diversas regiões, tornando o regionalismo importante. A Bagaceira, de José Américo de Almeida, foi o primeiro romance nordestino.


Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego, Érico Verissimo, Graciliano Ramos e outros escritores criaram um estilo novo, completamente moderno, totalmente liberto da linguagem tradicional, nos quais puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias locais.


A adesão ao socialismo impôs aos escritores da época, às vezes de forma radical, fórmulas de compreensão do homem em sociedade. Os romancistas, imbuídos do sentimento de missão política, queriam mostrar as tensões que transformavam ou destruíam os homens - aliás, um tema universal e sempre vivo na literatura.


Mas o fato é que sem os modernistas de 1922 (1ª geração), dificilmente os modernistas de 1930 (2ª geração) teriam conseguido o feito literário e social que obtiveram, porque aqueles foram os primeiros que provocaram a atualização da "inteligência" brasileira, foram eles que trouxeram para a literatura o fato não-literário e a oralidade, que tanto beneficiou o realismo seco dos escritores regionalistas, dando-lhes maior autenticidade.

Por outro lado, mesmo com os romances mais pitorescos e menos brutais, os leitores aprenderam, como nos ensina Alfredo Bosi (História concisa da literatura brasileira), que o velho mundo dos homens poderosos não acaba tão facilmente: as estruturas das oligarquias regionais se mantêm através do poder e da força, e é contra eles que se tem de lutar. Como nos conta Jorge Amado, ao final de Capitães da areia:


No ano em que todas as bocas foram impedidas de falar, no ano que foi todo ele uma noite de terror, esses jornais (únicas bocas que ainda falavam) clamavam pela liberdade de Pedro Bala, líder da sua classe, que se encontrava preso numa colônia.
(...] E no dia em que ele fugiu..., em inúmeros lares, na hora pobre do jantar, rostos se iluminaram ao saber da notícia. [...] Qualquer daqueles lares se abriria para Pedro Bala, fugitivo da polícia. Porque a revolução é uma pátria e uma família.




A consciência crítica

 
Mais do que tudo, os escritores da segunda geração consolidaram em suas obras questões sociais bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de escravidão, o coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas sociopolíticos que se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas.








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